MENSAGEM AO CAMPOLARGUENSE

FOTOS DE ANGOLA - BAÍA FARTA

Olá amigos campolarguenses, escrevo por razões especias. A primeira razão do texto de hoje é para explicar o motivo do meu desaparecimento. Estou desaparecido de Campo Largo há algumas semanas porque recebi uma proposta de trabalho fora do país. Neste momento lhes escrevo a mais de 7 mil quilômetros de distância, estou no continente africano, mais especificamente no país de Angola, na cidade litorânea de Benguela. Gostaria assim, de contar um pouco mais sobre como acontecem as coisas por aqui.

Em Angola, aconteceu uma guerra pelo poder, fortemente armada e sanguinária, que durou mais de 30 anos e teve fim há apenas 8 anos. É possível ver nos prédios a marca deste fato, prédios demolidos e crivados de balas fazem parte da visão. Atualmente Angola passa por um período de reconstrução, uma reconstrução patrocinada pela China, que em contrapartida explora as riquezas naturais do país, como o ferro e o petróleo. Prédios enormes e hotéis magníficos surgem no meio do deserto e podem ser vistos por todo o horizonte. Rodovias e ferrovias são prioridades no país, a agricultura é pouca e a chuva só existe por 2 meses no ano, enquanto isso os leitos dos rios secam e a poeira levanta. Água encanada e energia elétrica ainda são luxos não conquistados por grande parte da população. É incrível neste país a desigualdade na concentração de renda, alguns têm muito, outros nada. A inexistência do crime organizado é um ponto positivo de Angola embora o porquê possa ser facilmente observado quando se passeia pelas ruas. Existem guardas, públicos e privados, em grande quantidade, é fácil contar 10 de uma esquina a outra, sempre muito bem armados, com metralhadoras de grosso calibre que de dia servem como apoio e de noite aquecem o peito dos soldados, por exemplo, o homem que abre o portão da garagem no hotel desfila de AK-47. É visto que para todos, com tamanho desenvolvimento acelerado, tudo parece muito novo, mas mesmo assim o sossego e tranqüilidade estão estampados na maioria das pessoas, seja no modo de falar, seja no modo de agir, posso facilmente confundi-los com preguiça. Contudo, fico muito triste de ver certas coisas, entre elas o caso do dinheiro local que vale pouco, fico triste com o lixo que toma conta de tudo, é fruto do nato do capitalismo que se está fazendo engolir. Aqui crianças se tornam flanelinhas, miseráveis pedem dinheiro pra matar a fome, a energia elétrica apaga pelo menos 2 vezes por noite e tudo é importado, inclusive a água engarrafada e a manteiga, que vêm de Portugal ou França. Que seja da vontade de Deus uma mudança nesta rotina. Eu rezo para isto.

Agora, num segundo lugar, gostaria de dizer que sinto saudades da minha terra Campo Largo, mas logo voltarei. Neste pouco tempo em que cá estive o meu sentimento de “campolarguense de paixão” avivou-se ainda mais, estou certo que esse sentimento vem do coração, desta forma sempre penso nas pessoas de Campo Largo, penso nelas como um todo, e comparo com a realidade da vida Angolana, logo, somos reis, somos instantaneamente milionários com o que temos. Mesmo assim, não podemos deixar nossa peteca cair e deitar na rede para ver a vida passar. Campo Largo precisa muito melhorar, precisa no mínimo recuperar seu valor. Somos a Capital Nacional da Louça, mas pouco a pouco perdemos o prestígio. Cá em Angola já comi muitas vezes em pratos campolarguenses, mas ninguém conhece Campo Largo, é bom lembrar que não se vive de promessa, e sim de vontade e atitude.

Deixo claro então o motivo do sumiço, mas em breve voltarei, com força total nos assuntos que deixei pra trás. Acessem e comentem o meu Blog www.caio-spack.blogspot.com que alimento com amor, plantando as sementes do futuro.

Muito Obrigado!

Força a todos.

Caio Spack